Otimizando o Ciclo Cash to Cash

Em Supply Chain nos preocupamos com níveis de serviço, estoques e inúmeros detalhes do dia a dia das operações. Temos os produtos certos no lugar certo nas quantidades e no tempo certo? Nossos custos são competitivos? Enfim, estamos buscando sempre reduzir custos, prazos de entrega e estoques?

Nossos colegas de Finanças têm outra perspectiva, concentrando-se prioritariamente em receitas e lucratividade, mas a gestão de caixa ocupa um segundo lugar bem próximo.

O Ciclo Cash-to-Cash é uma medida que finanças considera importante e devemos estar muito atentos. Consideremos o Ciclo Cash-to-Cash: Estoque médio + Prazo médio recebimento de Clientes – Prazo médio pagamento a Fornecedores = Ciclo Cash-to-Cash (em dias).

Objetivo do Ciclo Cash-to-Cash

Nesse sentido, o nosso objetivo é minimizar o prazo entre o recebimento de clientes e o pagamento a fornecedores. Se a empresa tem 35 dias de estoque, recebe de clientes em 30 dias e paga fornecedores em 60, tem um Ciclo Cash-to-Cash de 35+30-60 ou 5 dias. Seguem algumas referências:

A meta é reduzir o ciclo, diminuir estoques e levar clientes a pagar antes que paguemos aos fornecedores. Finanças tende a acompanhar esta métrica tanto ou mais que outras de Supply Chain.

Supply Chain terá a missão de reduzir estoques, cabendo à área comercial levar os clientes a pagar mais rápido (obviamente os clientes não serão muito receptivos e quando aceitarem será em troca de algum favorecimento... por exemplo, em preços).

A ação mais fácil de implementar é aumentar o prazo de pagamento a fornecedores, mas essa métrica requer um equilíbrio entre os três componentes. Apesar da relativa facilidade de atrasar o pagamento a fornecedores, isso coloca em risco sua boa vontade e lealdade, eventualmente colocando-os em situação financeira precária. E quebrar Fornecedores não é exatamente uma prática recomendável. O melhor é trabalhar simultaneamente todos os fatores.

Estratégias para Otimização

  1. Otimizar níveis de estoque, tendo os produtos certos nos locais certos e na hora certa.
  2. Negociar prazos justos com os clientes, buscando um equilíbrio entre preços e prazos de pagamento.
  3. Definir prazos justos de pagamento a fornecedores, em equilíbrio com preços, condições de entrega ou outros benefícios que possam ajudar a reduzir a exposição do capital de giro.
  4. E a concorrência? Se o seu ciclo Cash-to-Cash está fora dos padrões de mercado, é importante entender o porquê e avaliar se há uma lição a ser aprendida.

A tabela a seguir descreve possíveis trade offs em relação ao capital de giro empregado no negócio.

Como qualquer outra métrica, o ciclo Cash-to-Cash deve ser medido, acompanhado e comparado com o da concorrência. Você precisa decidir por uma estratégia e em seguida implementar as ações para suportá-la.


Autor

Elcio Grassia

CEO da Nazar Systems

Sócio-fundador e CEO da Nazar Systems, plataforma SaaS para digitalização da Cadeia de Abastecimento do Varejo Alimentar. Vice-presidente da BSCA (Blockchain Supply Chain Association para o leste da América do Sul (Argentina, Brasil, Paraguay e Uruguay). Sócio consultor da Integrare Consulting, com foco em Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento, tendo desenvolvido projetos para clientes como Ambev, Aqua Capital Partners, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Burguer King, Cacau Show, Carapreta Carnes Nobres, Comfrio, Consórcio Rio Energia, FEMSA, FGV Projetos, Global Environment Fund, WalMart/Intelligrated, Mendes Junior, Novus, Radhakrishna Foodland, Secretaria de Logística do Estado de São Paulo, The Fifties e Vale, entre outros. 45 anos de experiência em Logística, Supply Chain, Operações, Gerência Geral e Desenvolvimento de Negócios em empresas como Havi Global Solutions, McDonald’s Brasil e América Latina, Martin-Brower Brasil e Nestle Brasil. “Board Emeritus”, ex-Channel Partner e ex-membro do Global Research Committee da ASCM – Association for Supply Chain Management.