A Cadeia de Abastecimento em Perspectiva
O mapeamento da cadeia de abastecimento pode revelar as grandes questões que afetam seus custos totais.
Partir de uma visão panorâmica e gradualmente focar os detalhes é uma das melhores formas que conheço de entender seus processos e avaliar oportunidades de melhoria.
Comece entendendo os aspectos geográficos do negócio e suas nuances. Entendendo a perspectiva geral você poderá gradualmente entrar nos detalhes até ter um mapeamento completo da cadeia de abastecimento, suas instalações, inputs, outputs, relações internas e externas.
Supply Chain Operations Reference model (SCOR®)
Como sabemos, não é possível administrar o que não entendemos, e como cada empresa tem seus próprios desafios, objetivos estratégicos e ambientes operacionais, comecemos mapeando esse ambiente como parte do processo de descoberta, avaliando a cadeia sob a perspectiva do “Supply Chain Operations Reference model (SCOR®)”, que aponta os cinco macro processos que compõem qualquer cadeia de abastecimento: Plan (planejar), Source (abastecer), Make (“fazer”), Deliver (entregar) e Return (devolver), de ponta-a-ponta da cadeia, como demonstra a figura abaixo.
Cada macro processo equivale a uma “engrenagem” que movimenta a cadeia de abastecimento, cada qual contendo seus próprios sub processos, por sua vez associados a competências, métricas, facilitadores (tecnológicos ou não) e práticas específicas. A grande questão é quão eficazmente conseguimos movimentar cada engrenagem, e quão bem elas se “encaixam” entre si.
Para responder precisamos revisar cuidadosamente cada processo envolvido — e isso requer uma equipe multifuncional que conheça todos os aspectos da cadeia, pois mesmo que cada pessoa conheça profundamente o funcionamento do “seu pedaço”, certamente ninguém conhecerá todos os processos.
Na maioria das empresas as pessoas que lidam com transportes, compras, manufatura, finanças e demais áreas funcionais operam em relativo isolamento. Essencialmente, cada grupo executa as tarefas relacionadas a seus próprios processos, sem saber exatamente o que as outras áreas fazem. Ao juntá-los numa sala (física ou virtual) é comum que nos deparemos com surpresas, que podem significar passos ou mesmo processos inteiros passiveis de eliminação sem prejuízo aos resultados finais.
Mapear uma cadeia de abastecimento demanda informação sobre cada um de seus componentes:
- Como estão segmentados os fornecedores (insumos domésticos ou importados, matérias primas ou insumos semimanufaturados)?
- Onde são produzidos e como são distribuídos os produtos e/ou serviços?
- Quem administra o transporte em cada segmento?
- Que modo(s) de transporte é (são) utilizado(s)?
- Qual a localização de fornecedores, fábricas, centros de distribuição e outras instalações?
- É feita alguma embalagem, montagem de kits ou similar nos centros de distribuição?
- Como são segmentados os clientes? (venda direta a consumidores, rede de distribuidores comerciais, etc...)
- Os produtos sofrem algum processo de agregação de valor antes da entrega ao cliente final?
O mapeamento frequentemente revela problemas que afetam o custo total de propriedade, mas deve passar por uma análise detalhada. Afinal, o mapa em questão é apenas uma figura interessante, os benefícios concretos são gerados pelo conhecimento adquirido no processo de sua criação. Daí a importância do passo seguinte, que é a avaliação do mapa e identificação de possíveis oportunidades de melhoria de processos. Qualquer oportunidade identificada deve passar pelo filtro de seu alinhamento com a proposta de valor da empresa, potencialmente agregando alguma vantagem competitiva.
Compreendendo o funcionamento da cadeia de abastecimento podemos identificar soluções mais integradas, e por consequência capturar maiores oportunidades de curto e longo prazos.
“Nunca tínhamos olhado para a questão dessa forma” é uma das reações mais comuns de participantes de um processo de mapeamento da cadeia de abastecimento.
O mapeamento da cadeia de abastecimento é a base para a compreensão de sua malha de abastecimento, e o planejamento de cenários a partir desse mapeamento é de grande utilidade para identificação de oportunidades e prevenção de situações imprevistas.
Autor
Elcio Grassia
CEO da Nazar Systems
Sócio-fundador e CEO da Nazar Systems, plataforma SaaS para digitalização da Cadeia de Abastecimento do Varejo Alimentar. Vice-presidente da BSCA (Blockchain Supply Chain Association para o leste da América do Sul (Argentina, Brasil, Paraguay e Uruguay). Sócio consultor da Integrare Consulting, com foco em Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento, tendo desenvolvido projetos para clientes como Ambev, Aqua Capital Partners, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Burguer King, Cacau Show, Carapreta Carnes Nobres, Comfrio, Consórcio Rio Energia, FEMSA, FGV Projetos, Global Environment Fund, WalMart/Intelligrated, Mendes Junior, Novus, Radhakrishna Foodland, Secretaria de Logística do Estado de São Paulo, The Fifties e Vale, entre outros. 45 anos de experiência em Logística, Supply Chain, Operações, Gerência Geral e Desenvolvimento de Negócios em empresas como Havi Global Solutions, McDonald’s Brasil e América Latina, Martin-Brower Brasil e Nestle Brasil. “Board Emeritus”, ex-Channel Partner e ex-membro do Global Research Committee da ASCM – Association for Supply Chain Management.